12 notas 1000 na redação do enem em 2024

O resultado do Enem 2024, com apenas 12 participantes alcançando a nota máxima na redação , com milhões de inscritos, é um sinal de alerta sobre a produção textual no Brasil. Esse número, o mais baixo em uma década, não é apenas uma estatística, mas um reflexo das dificuldades que nossos estudantes enfrentam para dominar habilidades essenciais como leitura, escrita e interpretação.

Vivemos em uma era de imediatismo, em que a profundidade do estudo tem sido substituída por buscas por atalhos e fórmulas prontas de redações. Isso pode ser sintoma de uma geração tecnológica e ansiosa. As redes sociais, ainda que ofereçam acesso a uma infinidade de conteúdos, muitas vezes promovem textos fragmentados e simplificados, distantes da reflexão crítica exigida em provas como o Enem. Além disso, o afastamento da leitura consistente e da prática do uso da norma-padrão agrava ainda mais esse cenário.

A redação do Enem não exige apenas o domínio técnico da gramática, mas a capacidade de articular ideias de forma coerente, demonstrar pensamento crítico e argumentar com embasamento (eis o problema!). Esses elementos não se desenvolvem com esquemas decorados, mas sim com leitura ampla, prática contínua e esforço para compreender o mundo ao redor.

O problema não está apenas nos estudantes, mas em um sistema educacional que, muitas vezes, negligencia o estímulo ao pensamento crítico e ao aprendizado integral. O ensino da escrita, por exemplo, é tratado de forma instrumental, mais focado em cumprir metas imediatas do que em formar cidadãos capazes de expressar suas ideias com clareza e originalidade.

Se queremos reverter esse quadro, é fundamental repensar a forma como a leitura e a escrita são trabalhadas nas escolas. É preciso incentivar a leitura desde cedo, com textos variados que dialoguem com as experiências dos jovens, e promover a escrita como ferramenta de expressão, não como mero cumprimento de tarefas escolares. Somente com um esforço coletivo e contínuo será possível reverter o distanciamento dos estudantes da língua, da cultura e da reflexão que são tão essenciais para a formação plena.

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